Voltando para casa após
uma longa semana. O cansaço estampa da mesma forma todos os rostos no ônibus. “Finalmente
chegou sexta”, “Sexta, sua linda”, “Chega logo sexta pelo amor de Deus”, são
coisas comuns que vemos em redes sociais.
É estranho: vivemos
para viver três dias. Não, essa frase não está errada. Deixe-me explicar:
passa-se quatro dias desejando os outros três (dois, para as pessoas que não
aproveitam o domingo e ficam na frente de uma TV o dia todo). E nesses três
dias, faz-se tudo que não se fez nos outros: bebemos, gastamos, dormimos e
assistimos a uma tela em excesso. Mas isso não significa que vivemos em excesso.
Nem moderadamente, creio eu.
Vejamos: uma pessoa que
trabalhe oito horas por dia (especialmente em algo que não gosta, caso de grande maioria), tem mais uma hora de almoço e fique duas horas no
ônibus trabalha de fato onze horas por dia (acredito que seis horas seriam suficientes para o trabalho, mas o capitalismo...enfim). Levando em conta que essa pessoa
consiga dormir seis horas (para muitos considerado algo utópico), são dezessete
horas a menos no dia. Sobram, supostamente, sete horas para o resto. Mas as
pessoas estão tão desgastadas mentalmente que preferem simplesmente relaxar na
frente da TV ou do PC. Assim fica fácil manipular as pessoas, você as desgasta
e passa o que quiser na programação para manter os carneirinhos dormentes.
E como se não bastasse
não fazer nada em frente a uma tela, as outras opções se tornam insuportáveis: ler? Dá trabalho e muitos acham chato
(¬¬). Ligar para um amigo? Por quê,
se existe o e-mail e com ele não ouço problemas? Sair com amigos? Durante a semana? Vai fazer cair minha
produtividade. Prestar atenção nas
pessoas que moram comigo? Mas elas estão sempre ali, mas esse joguinho,
essa notícia, esse programa...
E no fim de semana,
fazemos isso? Sim. Lemos flyers de baladas, ligamos para chamar pessoas para ir
conosco, saímos com amigos e prestamos atenção nas pessoas de casa para que
elas não percebam algo que fizemos.
Tem algo errado aí. Nos
alienamos o dia todo, esgotamos nossas capacidades durante a semana para
levá-las ainda mais ao limite nos finais de semana. “Porque é divertido”. Por
que não colocar mais diversão nos outros dias então? Simples. Porque vivemos
para o amanhã. E somente para ele. Procrastinar é o lema.
E, veja, a sexta
chegou.
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