7.8.12

Stalker


O empresário estava em seu escritório, cuidando dos próprios negócios, quando recebeu um email estranho:

“Ipad bacana o que o senhor comprou.”

Não havia mais nada escrito. O endereço de email eram letras e números aleatórios que deixavam claro que era falso. O empresário ficou pouco preocupado: nesses dias todos compravam aparelhos eletrônicos, e o email podia ter sido entregue errado.

Assim ele achava, até que mais emails chegaram, cada vez mais íntimos.

“Foi almoçar com os amigos do trabalho no restaurante X? O peixe de lá é delicioso.”

“Eu também gosto muito de Brotas, mas ainda não conheci a pousada na qual você ficou, a Lua Azul.”

“Adoraria presentear meus filhos com um x-box e kinect como você fez.”

Até que um dia os emails chegaram ao cúmulo da perseguição.

“Sr. Silva
Tenho tentado te contatar, mas você me ignora. Por quê? Acha que devo tentar ser mais pessoal? Posso me tornar amigo de suas filhas, esperando-as saírem da escola ABC às 13h como fazem sempre, ou esperar sua esposa no trabalho dela, ou mesmo te visitar em sua casa.
O que prefere Sr. Silva?”

O empresário estava apavorado. Estava sendo perseguido, tendo todos os detalhes da vida e da família vigiados. Respondeu que o deixasse em paz ou chamaria a polícia, e recebeu a resposta:

“Eu saberei quando o fizer. Mas você saberá quando suas filhas sumirem?”

O empresário entrou em pânico. Perguntou o que o perseguidor queria, mas já sabia; dinheiro. Muito dinheiro. O empresário pediu tempo para considerar, mas a cada dia que passava ficava mais paranoico. Cada email que recebia era uma tortura. Logo, mal saía, deixava de encontrar com os amigos, mas não adiantou. Ainda recebia informações acuradas sobre sua família. Contratou seguranças, mas sem sucesso. Pensou em ceder à chantagem, mas teria que pagar eternamente. Queria fugir, pedir ajuda, mas não confiava em ninguém. Começou a imaginar sombras o perseguindo.

Começou a ver um psicólogo e pediu transferência de cidade. Não aguentava mais. Vigiava as filhas, a esposa, mas queria tranquilidade.

Mudou de cidade, mas antes tirou férias prolongadas com a família em outro país, sem avisar ninguém, e proibiu o contato com qualquer outra pessoa e mesmo telefonemas e internet. Os emails, até então incessantes, subitamente pararam.

Enquanto isso, na cidade anterior, um rapaz adolescente suspirava. O empresário que tentava extorquir tinha desaparecido. As atualizações do facebook, foursquare e twitter tinham parado, ninguém da família postava mais nada, nem fotos, nem curtiam nada, nem respondiam aos amigos. Entrou em outro grupo de empresários de certa empresa da cidade, e procurou alguém com perfil aberto. Teria que começar tudo de novo...

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