26.7.11

Pontos

Era uma vez um ponto laranja, que vivia toda sua liberdade dentro de seu país. Podia frequentar a universidade que escolhesse, era bem tratado onde fosse e os outros pontos e triângulos nunca lhe dirigiam uma palavra ofensiva devido à sua aparência.

Então, um dia, o ponto encontrou um triângulo. Mas não era um triângulo qualquer, de tons alaranjados ou amarelos. Era verde. Os verdes eram diferentes. A sociedade em geral os maltratava, como se fossem diferentes, inferiores. Eles, que eram livres depois de anos de escravidão. Não podiam estudar livremente sem que alguém os lembrasse das marcas do passado tão marcado que custavam a fechar. Marcas que traziam a falta de confiança e a resistência à aproximação.

Mas o ponto não viu nada disso. O ponto só via aqueles olhos, que mais pareciam dois ônix, levando-o a se perder dentro daquele interior escuro, misterioso e aconchegante. Queria conhecer mais, mas sentia que conhecia, que somente reconhecia alguém. Não vira, portanto, o verde, mas sim a alma contida naqueles olhos.

O triângulo, por sua vez, vira o ponto e seu tom alaranjado, e teve medo de ser humilhado. Mas então viu aquelas duas safiras, e perdeu-se no calmo daquela cor, encontrando a paz que tanto procurava. E reconheceu, assim como o ponto, que já conhecia aquele que estava à sua frente.

Juntos eles ficaram e lutaram – muito. Os pais do ponto não queriam a relação, não porque tinha algo contra, mas porque todos os outros tinham. Mas o ponto persistiu. O triângulo resistiu a toda humilhação com o dobro de persistência. Por fim, prevaleceram.

Então a sociedade mudou – ou assim pareceu. Muitos ainda tinham a mesma opinião, mas tinham que manter para si todo o ódio que sentiam. E o ponto e o triângulo tiveram um pequeno pontinho, que já estava para se tornar um ponto. E esse ponto encontrou outro ponto. E, assim como seus pais, o ponto não viu a forma do outro, mas sua alma, à qual sentia sintonia, com a qual se identificava.

E, novamente, havia a sociedade. Pessoas alheias à relação dos dois os mantinham separados. Pessoas que diziam pregar o amor não aceitavam o que fosse diferente da visão distorcida do que era certo. Nunca levavam em conta que outros, diferentes deles, tinham direitos. Pareciam não compreender a mensagem na qual tanto acreditavam, e disseminavam justamente o contrário, o ódio. Milhares de pontos e triângulos se mataram e foram mortos.

Os dois pontos tentaram resistir e lutar – em vão. Supostos amigos os deixaram, outros violavam seus direitos em público e as autoridades nada faziam, muitas vezes acompanhavam o deboche. Até o dia em que os dois pontos tornaram-se uma poça vermelha. Estavam juntos, enfim.

O paralelepípedo os recepcionou quando partiram do mundo, abraçando-os e assegurando-lhes que eram livres. Sozinho, olhou para seu pequeno globo com tristeza profunda. Mesmo tendo-os criado, não entendia porque, se procuravam tanto a imaterialidade a ponto de cometerem atos irracionais e dizer rejeitar o material, não conseguiam enxergar a essência, limitando-se ao mundano. Compreendeu, portanto, que nunca os poderia recepcionar, já que eles, presos à suas ilusões, nunca entenderiam o que é, de fato, amar.
 
Para acabar, postarei uma série de 5 vídeos de Sambakza, um por dia.

5 comentários:

Falta mto amor nos olhos das pessoas. muitos pontos e triangulos irão sofrem, enquanto as pessoas nao aceitarem as outras ...

gostei do blog tatah, nao sabia qe tinha, estou seguindo =)

beijo

Lindo texto Tha! Concordo com Sheila, acho que falta muito amor mesmo... amor pelo próximo, amor a nós mesmos, amor àqueles que amamos ou dizemos amor... Amor de verdade, sem amarras ou convenções!

Bom, dito isso, só quero dizer que te amo de todo coração S2!!!

Que lindo, Tha... Os pontos e triângulos quando se amam não veem suas formas e sim suas almas... Que quimera poder viver isso! Desejo muito que haja amor, em sua plenitude, em todo o mundo!

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